O ala-pivô Anderson Varejão deixa aberta a possibilidade de voltar a jogar no Brasil caso a temporada da NBA seja cancelada devido ao impasse entre os donos dos clubes e jogadores.
- Talvez. Se a NBA parasse, se não tiver mais (temporada da NBA), sim - afirmou o jogador do Cleveland Cavaliers sobre uma possível volta ao país durante participação no programa "Tá na Área" desta quinta-feira.
O brasileiro afirmou que não recebeu qualquer proposta para deixar os Estados Unidos e garantiu que está mais preocupado em se recuperar da lesão do tornozelo direito, que o afastou das quadras em janeiro.
- Não (recebi) porque os clubes sabem que eu estou machucado e que tenho mais quatro anos de contrato no Cleveland. Acho que por isso não fizeram proposta - disse.
Com a falta de acordo entre os donos dos times e o sindicato dos jogadores, diversos jogadores analisam propostas de clubes da Europa e da China. O ala-pivô do Cleveland Cavaliers acredita na saída de diversos atletas, mas acha difícil que as grandes estrelas, como Kobe Bryant, astro do Los Angeles Lakers, abandonem a NBA.
- Eu acho um pouco difícil o Kobe Bryant sair. Pode ser que aconteça, mas ainda duvido. Acho que ele vai usar esse tempo, se a greve se prolongar, para pensar nele, nas lesões que ele teve na temporada, para voltar 100% na próxima temporada da NBA. Alguns jogadores já sairam, já foram para Europa. Quem está livre, tem que pensar em si. Acho que mais jogadores vão acabar saindo para Europa, porque eles tem que pagar as contas - analisou o atleta.
Kobe está na mira do Besiktas (Turquia), que já fechou um acordo com o armador Deron Williams, do New Jersey Nets.
Fazendo fisioterapia para se recuperar do problema que o fez perder a maior parte da temporada passada da NBA, Varejão espera que a greve termine sem atrasar o início da próxima temporada. E diz entender o motivo da paralisação.
- Em 1998 eles ficaram um tempo de greve. Mas eu não esperava isso agora. O que fez com que a greve acontecesse é que os donos dos times querem diminuir os anos de contrato e os salários. E é uma coisa que, depois que eles decidirem, vai vigorar por mais dez anos. Acho que é normal esse conflito agora para se chegar a um acordo que seja bom para todo mundo.
Por conta da lesão, o jogador está fora do Pré-Olímpico, que acontece no fim do mês na Argentina. Sem escolher o adversário mais difícil, o ala-pivô elege Brasil, Argentina, Porto Rico, República Dominicana e Canadá como os favoritos às duas vagas em jogo para os Jogos de Londres. Na seleção brasileira há quase dez anos, Varejão avalia que as ausências de jogadores importantes têm sido o principal obstáculo para a seleção masculina de basquete não ter se classificado para as últimas três edições dos Jogos Olímpicos.
- O maior problema da seleção é que, na época do Pré-Olímpico, tem sempre um jogador com problema de lesão, com problemas pessoais. Para mim, está sendo muito difícil ficar fora. Eu faço parte da seleção há dez anos. A recuperação é lenta, tem que ir pouco a pouco para não virar uma lesão crônica. Estou fazendo tudo certinho, tudo que os fisioterapeutas passaram.
Sobre o pedido de dispensa de Nenê e Leandrinho, Varejão prefere dizer que confia no grupo convocado para a competição.
- São jogadores de muita experiência internacional, que provavelmente ajudariam muito a seleção no Pré-Olímpico. É uma coisa interna. Não sei muito bem o que aconteceu. O Leandrinho alegou problemas pessoais e a gente tem que respeitar isso. No caso do Nenê, a esposa dele está grávida e ele procurou ficar do lado dela. O mais importante é o grupo chegar bem e estar focado para fazer o melhor para a seleção - afirma.
E acrescenta que disputar os Jogos Olímpicos é o seu maior sonho.
Nos Estados Unidos há sete anos, o brasileiro agradece o carinho da torcida americana. Mas afirma que a adaptação ao país foi a parte mais difícil e que nunca sonhou em jogar na NBA.
- Foi dificil chegar. Nunca sonhei com isso. O sonho que eu tinha era virar jogador de basquete. Tinha medo de não virar por causa do meu irmão (Sandro, que jogou no Vasco), tinha um pouco de pressão. Depois, eu queria jogar na seleção brasileira, como todo atleta. Quando consegui, queria sair do Brasil, para conhecer, ver como era lá fora. E fui para o Barcelona e depois para a NBA. O campeonato é diferente do europeu, número 1 do mundo - conta.
Sobre jogar na liga mais famosa do mundo, ele garante que não é fácil ficar no topo.
- O mais difícil é se manter na NBA. Você tem que matar um leão por dia, tem que treinar mais que os outros, se dedicar. Porque é onde todo mundo quer entrar. Acho que precisa ter consistência, dedicação, não desistir nunca. Tive momentos de pensar: "Será que é isso que eu quero? Estou longe da minha família, dos meus amigos, não tenho final de semana". Mas quando você quer alguma coisa, você se dedica.
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